quinta-feira, 12 de maio de 2016

Do amor a verdade


"Detestemos a mentira, que é contrária à natureza humana. O homem é, inclinado à verdade, repugnam-lhe a mentira e a falsidade. A criança, ainda não corrompida, diz só o que pensa, seus olhos brilhantes são o espelho fiel de sua alma pura e franca. A primeira que profere, revolta-se a natureza íntima da criança e manifesta-se pelo rubor da face que denuncia a confusão. Detestemos a mentira, porque solapa o fundamento da sociedade humana, que são a veracidade e a confiança, mútuas.

Que efeitos fatais não sofreriam o corpo, se os seus membros mutuamente se induzissem ao erro? Se, por exemplo, os olhos enganassem aos pés, levando o corpo num pântano, tidos por um prado firme? Algo semelhante aconteceria se os membros da sociedade humana tomassem por regra a mentira e a dissimulação. Destruir-se-ia assim o organismo social. Detestemos, finalmente, a mentira, porque nela se encerra covardia. Admiremos a coragem e a firmeza; desprezemos, porém, a pusilanimidade e a perfídia. Na conscienciosa afirmação diária da verdade, existe muitas vezes, mais coragem e intrepidez, do que no desprezo da morte, que só raro se dá e por causalidade. 

Como pode, porém, formar-se a firmeza de um caráter, se, em qualquer ocorrência e por motivo fútil se deixa o homem subornar, para se desviar da verdade, iludir a outrem, e levá-lo ao erro? Daí resultará, com o tempo, uma vacilação insegura. Assim, quem tem o vício da mentira, pouco a pouco, corrompe o caráter e por vezes o arruína. Onde prevalece o espírito de mentira e a confusão, não se podem educar nem formar caracteres firmes e grandes."

(Donzela Cristã- Padre Matias de Bremscheid, 1935, página 58)

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